A Marinha do Brasil e o telégrafo sem fio Texto publicado em 03 de Junho de 2008 - |
por Laire José Giraud * |
Poucos sabem que Marinha do Brasil foi a pioneira na transmissão de telégrafo sem fio no País. O legendário cruzador “Barroso” fez essa comunicação inédita nos dias 26 e 28 de setembro de 1905. Ele deixou a barra do Rio de Janeiro e transmitiu os sinais telegráficos para a famosa Ilha Fiscal, local onde aconteceu o último baile do Império, cinco dias antes da proclamação da República.
O aparelho transmissor era da marca Telefunken, de fabricação alemã, e era considerado um dos melhores do mundo. Mas nem tudo isso foi suficiente para satisfazer os incrédulos. Eles diziam que era impossível enviar e receber mensagens sem fio.
Até depois desse grande sucesso, esses incrédulos chegaram a afirmar que houve entendimento prévio entre as partes, que saberiam antecipadamente o teor das mensagens enviadas. Os ímpios só acreditavam no telégrafo com fio, que já estava em uso já há alguns anos. Além do pioneirismo na telegrafia sem fio, o Barroso participou de várias _missões. Em 1900 conduziu o Presidente Campos Salles em visita oficial à Argentina, fizeram parte da escolta o encouraçado Riachuelo e o cruzador-torpedeiro Tamoyo. Em 1907 foi ao Oceano Pacífico para visita ao Chile. Participou em 1908 da famosa parada naval de Hampton Roads – Estados Unidos, onde desfilaram belonaves das principais nações do mundo. Nesse mesmo ano teve a incumbência de trazer do Uruguai para o Brasil os restos mortais do seu patrono, Francisco Manuel Barroso da Silva, Barão do Amazonas (1804-1882). – Herói da Batalha Naval do Riachuelo, no dia 11 de junho de 1865.
Em 1909 foi inaugurada a Escola de Aprendizes de Marinheiros de Santos. Vieram para a solenidade o Presidente da República Affonso Penna e o Ministro da Marinha, Almirante Alexandrino de Alencar, e o navio designado para trazê-los foi o Barroso. Em breve será comissionado o mais um navio a ostentar esse nome, trata-se de uma corveta da classe Inhaúma, que já está em fase de acabamento, no Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro. O Barroso esteve incontáveis vezes em Santo em viagens de instruções com aspirantes ou para participar de celebrações, deu baixa em 1931, após 36 anos de bons serviços prestados a Nação.
Parabéns à Marinha do Brasil por ter sido a percussora na utilização do telégrafo sem fio, naquele longínquo setembro de 1905. Fontes Revista Marítima Brasileira, do Serviço de Documentação da Marinha, por intermédio de Camilo Vilela, de Recife Pernambuco, do livro Navios e Portos do Brasil – Nos Cartões-Postais Álbuns de Lembranças, de autoria de João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo. O Cruzador Nacional Barroso, artigo de L. J. Giraud e do jornalista Armando Akio, publicado na década de 1990 no Jornal A Tribuna de Santos.
O contratorpedeiro Rio Grande do Norte, construído na Grã- Bretanha em 1908. Aqui navegando no estuário de Santos por volta de 1919. Ao fundo a Ilha Barnabé. Esse navio participu da Primeira Guerra Mundial juntamente com outras belonaves integrantes da famosa Divisão Naval de Operações de Guerra da MB. Patrulhou a costa africana. Participou de missões ao lado do Barroso. Acervo: L.J.Giraud.
Entre várias autoridades, estiveram presentes na inauguração da Escola de Aprendizes de Marinheiros de Santos (hoje Museu de Pesca), o Presidente da República affonso Penna, e o Ministro da Marinha Alexandrino de Alencar, que vieram a bordo do cruzaddor Barroso, em 1909. Acervo: L.J.Giraud. |
|
![]() |
![]() |