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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O TR-1700

ORIGENS: Por Anderson Barros
No inicio da década de 1960, no auge da guerra fria, a maioria dos projetos de submarinos convencionais eram exclusivamente para as nações que os construiria como era o caso dos soviéticos com seu submarino classe Foxtrot, dos ingleses com sua classe Oberon e franceses com a classe Daphné. Aos poucos os submarinos foram sendo liberados para exportação, porem quando os países autorizaram suas exportações a maioria já se encontrava obsoletos e as marinhas de diversos países estavam à procura de novos e modernos submarinos de propulsão convencional. Para suprir essa demanda várias nações começaram a projetar submarinos convencionais visando não apenas o uso de suas marinhas, mas também os disponibilizando para o mercado de exportação. A Suécia lançou a classe Vastergotland, a União Soviética lançou a classe Kilo e a Holanda lançou a classe Zwaardvis na então, Alemanha Ocidental, o estaleiro HDW - Howaldtswerke Deutsche Werft lançou o projeto U-209 no qual foi um grande sucesso no mercado internacional, especialmente na America do Sul. O estaleiro Thyssen Nordseewerke o projeto TR-1700. O projeto da Thyssen Nordseewerke visava superar o U-209. A classe TR-1700 são os maiores submarinos construídos na Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial e estão entre os mais rápidos submarinos diesel-elétricos do mundo.

Acima: O Santa Cruz, primeiro submarino desta classe, representa um formidável recurso da marinha argentina. Se a Argentina tivesse conseguido construir as 4 unidades desta classe prevista no começo do programa, ela estaria entre as mais poderosas forças de submarinos do continente.
A NECESSIDADE ARGENTINA
No final da década de 60 a Armada Argentina (Armada de La República Argentina ARA) adquiri da então Alemanha Ocidental duas unidades dos submarinos U-209. Após a compra dos submarinos da classe U-209 o governo argentino se aproximou da Alemanha Ocidental. Nesse mesmo período a Armada argentina iniciou o programa de reaparelhamento naval no qual foi aprovado em 1974. O programa naval argentino deveria permitir Armada Argentina possuir até ao final dos anos 80, uma esquadra com um porta-aviões, seis contratorpedeiros modernos, nove corvetas e seis submarinos. Todos estes navios teriam capacidade para lançar mísseis anti-navio. Em 1977 foi assinado um acordo com os estaleiros Blohm + Voss da Alemanha Ocidental para o fornecimento de navios da família MEKO (quatro unidades da família MEKO 360 e seis unidades da MEKO 140) e com a Thyssen Nordseewerke para o fornecimento de seis submarinos quatro da classe TR-1700 e dois Classe TR-1400 (a Argentina é o único operador da classe TR-1700). Os dois primeiros TR-1700 seriam construídos na Alemanha Ocidental pela Thyssen Nordseewerke e os outros quatro submarinos restantes seriam construídos na Argentina pelo Astillero Domecq Garcia em Buenos Aires. Os TR-1700 foram denominados na Argentina como classe Santa Cruz. Os submarinos construídos na Argentina deveriam ser dois submarinos TR 1700 e dois menores TR 1400. Em 1982, na seqüência da guerra das Malvinas, os dois TR-1400 foram cancelados e substituídos por novas unidades do TR-1700. O primeiro submarino construído na Alemanha foi o S41 Santa cruz teve sua construção iniciada em dezembro de 1980 e foi lançado ao mar em 1982 no mesmo período da Guerra das Malvinas no qual não pode participar do conflito sendo entregue aos argentinos somente em 1984. O segundo submarino o S42 San Juan teve sua construção iniciada em 1982 e foi lançado ao mar em 1983 e foi incorporado a Armada de La República Argentina (ARA) somente em 1985. Os submarinos construídos na Alemanha foram entregues dentro do cronograma estabelecido pela Armada de La República Argentina.
Porem os problemas econômicos enfrentados pela Argentina na década de 1980 levou, no entanto, a armada argentina a reduzir os o numero de submarinos de seis para quatro submarinos todos da classe TR-1700. A construção dos submarinos pelos Astilleros Domecq Garcia começou o primeiro a ser construído na Argentina foi o S43 Santa Fé seguido pelo S44 Santiago del Estero com o auxilio da Alemanha Ocidental que forneceu peças e supervisão para a construção. Porem a construção do S43 Santa Fé e S44 Santiago del Estero foi paralisada em 1994, quando o S43 Santa Fé estava com 70% de sua construção concluída e o S44 Santiago del Estero estava com 50% de sua construção concluída. Em 1996 a Armada de La República Argentina (ARA) acabou por cancelar definitivamente a construção desses submarinos.

Acima: A Argentina tem dois cascos de TR-1700 que acabaram não sendo terminados devido a forte crise econômica que assolou o país nos anos 80.
Para diminuir o prejuízo, o governo argentino, com a autorização da Alemanha, tentou vender os dois submarinos que estavam em construção para outros países, mas não obteve muito êxito. O único pais a se interessar foi Taiwan, mas devido ao problema financeiro argentino houve atrasos no cronograma de reinicio da construção o que fez Taiwan desistir da compra. Após o cancelamento definitivo da construção dos submarinos a Armada Argentina utilizou as peças recebidas para a fabricação destes submarinos para manutenção dos TR-1700 em operação.
Entre os anos de 1999 e 2001, o S41 Santa Cruz passou por um programa de modernização e manutenção no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) e uma atualização semelhante está sendo realizada no S42 San Juan nos Astilleros Domecq Garcia, na Argentina. A atualização envolverá, entre outras coisas, a substituição dos motores principais do submarino e a atualização do sistema de sonar ativo e passivo. Recentemente a Armada Argentina, confirmou que existem estudos para reiniciar a construção do submarino classe TR-1700 S43 Santa Fe que esta com 70% do seu projeto concluído que se encontra armazenado no Astillero Domecq Garcia. A decisão de colocá-lo em atividade faz partes do plano de reestruturação da força de submarinos da Armada de La República Argentina no qual inclui a recuperação do S32 San Luis (classe U-209). Os planos incluem novos sistemas eletrônicos, armamentos e motores mais potentes no qual pode incluir sistema AIP.

Acima: Embora o Santa Cruz pareça ter suas dimensões equivalentes a do Tupi brasileiro, ele, na verdade, é maior, permitindo maior liberdade de modernizações ou atualizações de sistemas.

CASCO
O projeto da Thyssen Nordseewerke visava superar os submarinos da classe U-209 e para isso o casco foi cuidadosamente desenhado sendo totalmente liso possuindo controles de profundidade em cruz na popa. Algumas características do projeto TR-1700 são a elevada capacidade do seu casco em resistir a impactos e a capacidade de continuar operando mesmo que algum dos seus compartimentos tenha sido completamente inundado. O casco foi projetado para poder operar com pequenos submarinos de resgate (Deep Submergence Rescue Vehicles - DSRV). O projeto teve que sofrer modificações porque além de operar em ambientes típicos da America do Sul (ambientes úmidos e quentes) também operariam nas águas geladas do atlântico sul próximo as regiões da Antártida. O projeto foi desenvolvido para operar patrulhas normais de 30 dias podendo ser estendido para 70 dias em caso de combate.

ARMAMENTO
Os TR-1700 são armados com 6 tubos de torpedos de 533 mm e a sua capacidade de armazenagem é de 22 torpedos que podem ser americanos Mark 37, Ingleses Mk 24 Tigerfish, Alemão DM2A4 Seehecht ou o velho SST-4, também alemão. Este ultimo é o torpedo normalmente usado pela marinha da Argentina e ele apresenta um alcance máximo de 37 km quando lançado com uma velocidade de 23 nós (43 km/h), ou um alcance de 11 km quando configurado para sua velocidade máxima de 35 nós (65 km/h). O sistema de guiagem se dá por fio.
Os tubos são compatíveis com mísseis antinavio UGM-84 Sub-Harpoon embora os argentinos não disponham deste armamento, ou até 34 minas, para a missão de minagem. O TR-1700 possui uma ampla sala de torpedos que e caracterizada pela sua disposição dividida em dois decks (dois andares). O TR-1700 é equipado com um sistema de recarga automática para os torpedos capaz de rearmar os tubos em 50 segundos.

Acima: O torpedo SST-4 é o torpedo padrão da marinha argentina e seu desempenho pode ser considerado inferior ao dos torpedos atuais. O projeto deste torpedo data dos anos 70.

EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS
Os submarinos classe TR-1700 possuem sonar Thomson-CSF / Thales DUUX-5 para busca passiva/ telemetria montado no casco do navio e um sonar CSU 83/1 de busca ativa/passiva fornecido pela empresa Atlas Elektronik GmbH, montado em forma de um arco no casco do submarino; os TR-1700 também são equipados com Thomson-CSF / Thales Calypso-IV de busca de alvos de superfície e sistema de gerenciamento de combate.

PROPULSÃO
A propulsão do TR-1700 é composta por quatro motores/ geradores alemães MTU 16V a diesel que juntos somam 6,700 HP. Possui ainda dois motores elétricos Siemens HR4525 que produzem 6.6MW e quatro Alternadores elétricos que geram 4.4MW. Com essa propulsão e uma boa hidrodinâmica, o TR-1700 é capaz de atingir uma velocidade de 25 nós (46,5km) submerso e a 15 nós (27,7km) na superfície. Seu alcance é de 22.000 km a 8 nós e a profundidade máxima pode chegar a 370 metros, sendo que, operacionalmente, ele costuma chegar a 300 metros.

Acima: O submarino TR-1700 apresenta um desenho bastante convencional, tipico dos projetos da década de 70.

POSSIBILIDADE NUCLEAR
Como parte do programa nuclear da Argentina, a Armada de La República Argentina, iniciou em meados dos anos de 1965 estudos para a concepção de um submarino de propulsão nuclear, porem na época, os custos se mostraram proibitivos para a construção de um submarino nuclear o que forçou a armada a comprar submarinos de propulsão convencional (classe U-209) no final da década de 1960. Com a implantação do programa naval argentino a Armada de La República Argentina adquiriu da Alemanha os submarinos Classe TR-1700. Após analizar o Projeto do TR-1700, os engenheiros da à Armada de La República Argentina perceberam que devido aos seus volumosos motores convencionais os compartimentos dos motores ocupam grande parte do submarino. Diante desse fato o alto comando da Armada Argentina contratou a empresa argentina INVAP para desenvolver um reator nuclear que pudesse ser utilizado nos TR-1700. Em 1984 a INVAP apresentou o reator CAREM (Central Argentina de Elementos Modulares) que produz 33.525 HP. Os planos também visavam equipar os navios de superfície da classe Almirante Brown (MEKO 360). Porem, a crise econômica sofrida pela Argentina interrompeu o programa no inicio dos anos de 1990. Recentemente o governo argentino anunciou a reativação do programa de submarino de propulsão nuclear que de acordo com o governo argentino será lançado antes que o submarino brasileiro. O TR 1700 foi escolhido para servir de plataforma de testes do sistema de propulsão nuclear. Agora só o tempo e a política econômica Argentina dirá se a Armada de La República Argentina contara ou não com um submarino de Propulsão Nuclear.

Acima: O submarino Santa Cruz será base para o desenvolvimento de um submarino nuclear argentino. Suas dimensões facilitará a acomodação de um reator nuclear para sua propulsão.

FICHA TÉCNICA
Comprimento: 66 m
Deslocamento: 2 264 toneladas (submerso).
Largura: 7,3 m
Velocidade máxima: 25 nós (46,5 km/h submerso)
Profundidade: 370 m (máxima)
Armamento: 6 Tubos para torpedos de 533 mm torpedos americanos Mark 37, Ingleses Mk 24 Tigerfish, Alemão DM2A4 Seehecht., Mísseis UGM-84 Sub Harpoon ou até 34 minas navais.

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ripulação: 25
Propulsão:
4 motores a diesel MTU 16V a diesel que juntos somam 6,700 HP. 2 motores elétricos Siemens HR4525 que produzem 6.6MW.