O mastro da praticagem santista Texto publicado em 31 de Março de 2009 - |
por Laire José Giraud * |
Um dos navios mais célebres da Marinha do Brasil foi o cruzador-escola Benjamin Constant, construído na França no século 19, tem uma de suas partes perpetuadas em Santos, mais precisamente, no estaleiro da Praticagem do Porto de Santos, que fica na Praia de Santa Cruz dos Navegantes, margem esquerda do canal. Na verdade é uma parte do mastro. O que foi um belo navio, viveu os seus dias finais no Estuário, onde foi desmontado para ser aproveitado como sucata.
Os dados são do prático aposentado Gerson da Costa Fonseca, que estará completando 91 anos, no próximo 13 de abril, do historiador Jaime Caldas, falecido em 2008, e da Revista Marítima Brasileira, da Marinha. O Benjamin Constant, que deu origem ao hino da Marinha – Cisne Branco, foi construído no estaleiro Forges et Chantier de La Mediterranée, no porto de La Seyne-França. A construção foi acompanhada pelo contra-almirante João Candido Brasil. A embarcação foi mastreada a galera, e lançada ao mar, em 1892.
O seu primeiro comandante foi o capitão de fragata Henrique Pinheiro Guedes, sucedido pelo capitão-de-mar-e guerra Antonio Alves Câmara. Ainda no Porto de Toulon na França, recebeu a guarnição do primeiro cruzador Barroso, que veio a naufragar mais tarde no Mar Vermelho. Em 1897, sob o comando do capitão de fragata Joaquim Rodriguez Torres Sobrinho, foi destacado para instalar um marco de bronze, na Ilha de Trindade, assinalando o domínio do Brasil sobre a área.
Um dos feitos de destaque do cruzador-escola foi a viagem de circunavegação, com guardas-marinha em 1908, sob o comando do capitão de fragata Antônio Coutinho Gomes Pereira, partindo do Rio de Janeiro, em 22 de janeiro e regressando em 16 de dezembro. Na viagem, recolheu 20 náufragos japoneses perdidos na Ilha Wake, no Oceano Pacífico. Durante as comemorações do primeiro centenário da Independência do México, o Benjamin Constant representou o Brasil, sob o comando do capitão-de-corveta Filinto Perry.
Deu baixa do serviço da ativa, pelo aviso 578, de 22 de janeiro de 1926. Pelo Aviso 643 do mesmo mês ficou a disposição da Diretoria do Pessoal da Marinha, para servir de sede às escolas auxiliares especialistas de armamento. O seu último comandante foi o capitão-de-fragata Américo Ferraz e Castro. Quem serviu como marinheiro no Benjamin Constant foi o falecido comandante Raul Hermenegildo da Fonseca, pai de Gerson da Costa Fonseca. Gerson lembra que a seção de mastro, que ficou durante muitos anos em frente da antiga sede da Praticagem de Santos, na Av. Saldanha da Gama, 64 – Ponta da Praia, integrava o mastro principal do Benjamin Constant. A compra foi feita por Gerson, a pedido do presidente da Praticagem na época (1949) Teófilo Quirino. O custo foi de CR$ 100,00 (cem cruzeiros), quando do desmonte. O desmonte do Cisne Branco, foi feito em frente a oficina de reparos navais da Capitania dos Portos do Estado de São Paulo, que ficava entre o ferry-boat, na Ponta da Praia, e a bóia do Tijucupava, como era conhecida a bóia de sinalização que ficava no canal de acesso ao cais.
As principais características do cruzador-escola eram: 74 metros de comprimento; 15,60 metros de boca (largura; 5,70 metros de calado (profundidade do casco na água); 2.870 toneladas de deslocamento, máquinas com potência de 2.800 cavalos-vapor, uma hélice, e velocidade de 14 nós (26 quilômetros por hora). O Benjamin tinha três mastros: traquete, grande, mezena ou de ré. Este último era considerado o mastro de honra, pois nele era içado o pavilhão ou flâmula que indicava o comando dos oficiais da |Marinha de Guerra. A Bandeira Nacional era içada na carangueja deste mastro. Quando necessário, os mastros envergavam velas. É uma pena que essa parte de um navio histórico, não tenha ficado na nova sede da praticagem, no mesmo local da antiga. Pois, poderia ter sido feito um conjugado arquitetônico do prédio unindo o antigo com o moderno. Provavelmente faltou sensibilidade por parte dos responsáveis pela construção do imóvel. Bem que o mastro do Benjamim Constant poderia voltar para Av. Saldanha da Gama. |
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* Laire José Giraud é despachante aduaneiro, colecionador de Publicar postagem |
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quarta-feira, 1 de abril de 2009
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