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sábado, 10 de novembro de 2007

"ESQUADRA NOSSA SEGURANÇA NO MAR"

NITERÓI, RJ.
Em 10 de novembro de 2007.

COMANDO-EM-CHEFE DA ESQUADRA

ORDEM DO DIA Nº 1/2007

Assunto: Aniversário da Esquadra

Hoje, ao comemorarmos 185 anos de existência, transportamo-nos ao dia 10 de novembro de 1822, quando pela primeira vez foi içado, em um navio de guerra brasileiro, o pavilhão nacional. A Esquadra brasileira nasceu com a Independência. A necessidade vital da consolidação de uma foi a determinante imperiosa da criação da outra. Assim, o grito do Ipiranga representa a certidão de nascimento não só do Brasil, como entidade autônoma no concerto das nações, mas, também, de sua Marinha de Guerra, garantidora incontestável dessa autonomia.

O Poder Naval brasileiro teve origem a bordo da Nau Martim de Freitas, nosso primeiro capitânia, depois batizada de Nau D. Pedro I. Nas lutas de consolidação da nossa independência, as atuações de nossa força naval na Bahia, Maranhão, Pará e Província Cisplatina foram decisivas para a manutenção da integridade do território nacional, permitindo, assim, o surgimento de um país de dimensões continentais. Em seu nascedouro, a Esquadra brasileira contou com a visão de D. Pedro I que, além do importante apoio governamental na sua formação, despertou no povo a consciência de nossa maritimidade e da necessidade de termos uma forte Esquadra, ao que os brasileiros responderam com consideráveis recursos obtidos através de subscrição popular. O Imperador compreendeu que nosso país, com dimensões marítimas extensas, não poderia, principalmente naquela época, mas verdade ainda nos dias de hoje, depender do estabelecimento de comunicações terrestres ao longo de seu imenso território. Entendeu, também, ser sua criação vital para proteger nosso comércio, manter a unidade territorial e fazer respeitar nossa soberania.

Igualmente, os nossos navios de guerra se fizeram presentes nas demais campanhas do Império e durante a participação do Brasil nas duas Guerras Mundiais. À chamada do dever, sempre a Esquadra respondeu com espírito de sacrifício e coragem, e os nossos antecessores redigiram páginas de lutas e glórias que moldam, ainda hoje, o caráter e inspiram o trabalho dos brasileiros que servem à Pátria no mar.

Espelhando-nos nesse exemplo de determinação e amor ao Brasil, devemos buscar, sem esmorecer, a superação dos desafios de nossa época: prontificar e manter os nossos meios, num cenário, agora em processo de reversão, de restrições orçamentárias. Além disso, procurar o nível de adestramento que nos capacite a operar esses meios da melhor maneira possível, que sejamos eficientes e eficazes.

O sucesso da Esquadra nos dias atuais depende, cada vez mais, da dedicação de seus componentes, homens e mulheres que guarnecem nossas organizações militares, e do uso adequado dos recursos disponíveis. Reconheço e destaco o esforço, o profissionalismo e o desempenho dos comandos de força e de divisões, navios, bases, centros de instrução, de adestramento, de apoio e de manutenção subordinados para que suas tarefas sejam cumpridas, no que são seguidos por suas tripulações, que constituem o bem maior de nossa Marinha.

Cabe, também, registrar a prioridade atribuída a este Comando pela Alta Administração Naval, que tem procurado, dentro das disponibilidades orçamentárias, atender as nossas demandas materiais e estabeleceu, como meta para o Setor do Pessoal, o pleno guarnecimento, qualitativo e quantitativo, de nossas unidades operativas.

Desse modo, é dentro de um quadro de melhoria contínua, característica de nossa Marinha, que gostaria de destacar algumas das principais realizações da Esquadra, em 2007:

- Assinatura do contrato e início das obras para a construção do novo prédio do Comando da Força de Superfície e Esquadrões subordinados, com previsão de conclusão em 2009;

- Implantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na BNRJ, voltado para a prevenção da poluição;

- Assinatura de contrato para a recuperação da pista de pouso da Base Aérea Naval de São Pedro D´Aldeia;

- Substituição do sistema de referência de posição hidrostático (HPR) no NSS Felinto Perry, o que incrementará a segurança nas Operações SARSUB;

- Participação da FIndependência na Operação PANAMAX, com substancial reforço no adestramento, e conhecimentos doutrinários, em exercícios e operações de interdição marítima;

- Presença do STikuna na Operação DEPLOYMENT-SUB, comissão de cinco meses de duração com meios das Marinhas norte-americana e britânica, na qual foram realizados exercícios de alta complexidade, aprimorando os procedimentos de busca e ataque a meios de superfície e submarinos;

- Aprimoramento da Rede Tática de Dados (RTD), possibilitando a troca de informações entre navios, sem o congestionamento das redes em voz, facilitando o exercício das atividades de Comando e Controle; e

- Desempenho dos meios navais e aeronavais na Operação ALBACORA, operação combinada de grande dimensão, em que obtivemos avanços consideráveis na interoperabilidade com as demais Forças singulares e contribuições para o aperfeiçoamento da doutrina a ela aplicável.

Apesar das adversidades, pode-se perceber que muito trabalho foi e está sendo feito, de modo que a Esquadra possa garantir, como e quando necessário, a defesa dos interesses do Brasil no mar.

Nessa ocasião, não me poderia olvidar de agradecer o esforço e a dedicação daqueles que nos antecederam, representados pela honrosa presença de nossos ex-Comandantes-em-Chefe que, com seus exemplos de dedicação ao serviço e amor à Marinha, conduziram-nos no passado por rumos seguros, e nos legaram um patrimônio de que nos orgulhamos e, em nosso dia-a-dia, perseveramos em manter e sermos dele dignos.

Marinheiros e servidores civis da Esquadra, juntos continuaremos a navegar nesse mesmo rumo, com dedicação, entusiasmo e crença na Marinha do Brasil, orgulhosos por pertencermos ao núcleo e à essência do Poder Naval brasileiro.

O almirante João do Prado Maia assim termina o seu livro "A Marinha de Guerra do Brasil na Colônia e no Império":

"... aos jovens de todos os recantos da nossa terra levo uma mensagem de esperança e de fé, que possa fazer com que voltem enternecidamente a vista para o mar, que possa fazer com que, um instante ao menos, olhem com carinho para a sua Marinha de Guerra - a amiga leal de sempre, a colaboradora intrépida que, sobretudo nas horas amargas, nos instantes de sacrifício, jamais faltou e jamais faltará ao Brasil!".

"ESQUADRA NOSSA SEGURANÇA NO MAR"


JOÃO AFONSO PRADO MAIA DE FARIA
Vice-Almirante

Comandante-em-Chefe -da Esquadra


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