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quarta-feira, 3 de outubro de 2007

FORÇA NAVAL DO NORDESTE



FORÇA NAVAL DO NORDESTE

Escolta de Comboio

Iniciada como um conflito europeu, a Segunda Guerra Mundial tomaria de assalto o mundo. O Brasil, sob o governo de Getúlio Vargas, manteve-se neutro nos primeiros anos da guerra. Quando, em fevereiro de 1942, os navios mercantes brasileiros começaram a ser torpedeados em grande número, o Brasil reforçou seu apoio aos Aliados. A ofensiva do Eixo contra nossa frota mercante culminou em agosto daquele ano, quando um único submarino alemão afundou seis navios de bandeira brasileira, resultando na morte de 607 pessoas, o que levou o Governo Vargas à declaração de “Estado de Guerra” contra as nações do Eixo, em 31 de agosto de 1942.

A missão da Marinha do Brasil na Segunda Guerra Mundial foi patrulhar o Atlântico Sul e proteger os comboios de navios mercantes que trafegavam entre o Mar do Caribe e o litoral Sul brasileiro contra a ação dos submarinos e navios corsários germânicos e italianos. Luta constante, silenciosa e pouco conhecida pelos brasileiros.

A capacidade de combate da Marinha do Brasil no início do conflito era modesta, se comparada com as grandes esquadras em luta no Atlântico Norte e no Pacífico. O pessoal e os navios não estavam preparados para combater o inimigo oculto sob o mar, que assolava o transporte marítimo no nosso litoral. Ingressou-se em uma guerra anti-submarino, sem equipamentos para detecção e armamento apropriado, porém isso não impediu que navios e tripulações lutassem desde as primeiras horas do dia 31 de agosto, assumindo os riscos de um combate desigual.

A criação da Força Naval do Nordeste (FNNE), pelo Aviso nº 1.661 de 5 de outubro de 1942, foi parte do rápido e intenso processo de reorganização das forças navais para adequar-se à situação de conflito. Sob o Cruzador Bahiacomando do então Capitão-de-Mar-e-Guerra Alfredo Carlos Soares Dutra, a recém-criada força foi, inicialmente, composta pelos seguintes navios: Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul, Navios-Mineiros Carioca, Caravelas, Camaquã e Cabedelo (posteriormente reclassificados como corvetas) e os Caça-Submarinos Guaporé e Gurupi. Receberia ainda navios que acabavam de ser prontificados pelos nossos estaleiros e várias escoltas anti-submarino cedidas pelos norte-americanos; constituindo-se na Força-Tarefa 46 da Força do Atlântico Sul, subordinada a 4ª Esquadra Norte-Americana, reunindo a Marinha brasileira com a Marinha dos Estados Unidos da América, que já lutava contra a ameaça submarina desde 1941. A atuação conjunta com os norte-americanos trouxe meios navais e armamentos adequados à guerra anti-submarina, proporcionando também o indispensável treinamento para o pessoal, habilitando-os a operarem navios modernos com meios de detecção pouco conhecidos até então, como o sonar.

A ação prioritária para a Marinha do Brasil era a escolta dos comboios de navios mercantes, e nesta missão cada navio mercante que chegava ao seu porto de destino em segurança era uma vitória alcançada. Ocorreram 66 ataques a submarinos alemães, que os afastaram, impedindo que torpedeassem os navios mercantes.

Corveta Camaquã

Vitórias diárias e silenciosas, que não produziram manchetes nos jornais, mas mantiveram abertas as vias de comunicação marítima no Atlântico Sul, provendo os Aliados de materiais estratégicos essenciais para o esforço de guerra e mantendo a economia nacional abastecida.

Contudo, esta guerra cotidiana e silenciosa custou inúmeras vidas. As perdas brasileiras na guerra marítima somaram 30 navios mercantes e três navios de guerra. Dois destes últimos, o Bahia e o Camaquã, eram da FNNE. Nas operações navais na Segunda Guerra Mundial, a Marinha do Brasil perdeu 486 homens.

Em 7 de novembro de 1945, concluída a sua missão, a FNNE regressou ao Rio de Janeiro em seu último cruzeiro. A curta, árdua e intensa vida operativa da FNNE contribuiu para a livre circulação nas linhas de navegação do Atlântico Sul e em muito somou para a vitória final aliada sobre o Ei

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